Vitória é um município brasileiro, capital do estado do Espírito Santo, na Região Sudeste do país. É uma das três capitais do país cujo centro administrativo e a maior parte do município estão localizados em uma ilha, no caso, a Ilha de Vitória[7] (as outras ilhas-capitais são Florianópolis, em Santa Catarina, e São Luís, no Maranhão). Situada a 20º19'09' de latitude sul e 40°20'50' de longitude oeste, Vitória se limita ao norte com o município da Serra, ao sul com Vila Velha, a leste com o oceano Atlântico e a oeste com Cariacica.
Com uma população de cerca de 340 mil habitantes, segundo estimativas de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade é a quarta mais populosa do estado (atrás dos municípios limítrofes de sua região metropolitana: Vila Velha, Serra e Cariacica) e integra uma metrópole denominada Grande Vitória, com cerca de 2 milhões de habitantes. Vitória é cercada pela Baía de Vitória e é uma ilha de tipo fluviomarinho, mas outras 34 ilhas e uma porção continental também fazem parte do município, perfazendo 97 km². Da área total, 46 km² estão em perímetro urbano.[1] Originalmente eram 50 ilhas, muitas das quais foram agregadas por meio de aterro à ilha maior.
A cidade tem o quinto maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre todos os municípios brasileiros. Em 2015, foi considerada a segunda melhor cidade para se viver no Brasil pela Organização das Nações Unidas (ONU).[8] Em uma pesquisa de 2017, Vitória foi classificada como a terceira melhor capital brasileira para se viver.[9]
A capital capixaba também foi eleita a cidade com o melhor capital humano do Brasil, segundo a revista Exame.[10] Segundo estudo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon feito em 2017, a cidade é a nona melhor cidade para se envelhecer no país.[11] Além disso, Vitória tem o melhor índice de bem-estar urbano entre as capitais brasileiras e possui sete entre os 20 melhores bairros de todo país por IDH-M.[12]
História
Primeiros povos
No século XVI, quando os primeiros exploradores portugueses chegaram à região da atual Vitória, a mesma era disputada por três grupos indígenas diferentes: os goitacás (procedentes do sul), os aimorés (procedentes do interior) e os tupiniquins (procedentes do norte). O donatário português da capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho, fundou, em 1535, a atual cidade de Vila Velha, cujo nome na época era Vila do Espírito Santo,[13] que passou a ser a capital da capitania.[14]
Devido aos constantes ataques indígenas, franceses e holandeses à cidade fundada por Coutinho, os portugueses decidiram transferir a capital da capitania para a Ilha de Santo Antônio, na Baía de Vitória. A ilha era chamada pelos índios de Ilha de Guanaani. Em 8 de setembro de 1551, após uma vitória portuguesa contra os goitacás e aimorés, a cidade foi renomeada como Vila da Vitória, nome posteriormente alterado para Vitória em 17 de março de 1823.[15]
Consolidação
Até o século XIX, os limites da capital capixaba eram o atual Forte de São João, onde atualmente está localizado o Clube de Regatas Saldanha da Gama, próximo ao Centro da cidade, e o morro onde funciona o atual hospital da Santa Casa de Misericórdia, no bairro Vila Rubim. A cidade foi sendo construída nas partes altas, o que deu origem a diversas ruas estreitas. A parte de baixo foi sujeita a ataques e, devido a isso, foram construídos vários fortes na beira do mar.[16]
Em 24 de fevereiro de 1823 (17 de março de 1829), a vila de Vitória foi elevada a cidade, mas seu isolamento insular evitava seu desenvolvimento. A partir do ano de 1894, com o ciclo do café, iniciaram-se, na ilha, diversos aterros nas partes baixas da cidade, alterando a forma da ilha e modernizando-a. Foram construídos, após disso, diversos bairros e escadarias e foram derrubados casarões. Além disso, foi melhorado o saneamento.[16]
Em 1941, surgiu o primeiro cais na capital e, em 1927, a ponte que ligou a ilha ao continente. O porto se desenvolveu. Em 1949, foram feitos mais aterros e foram construídas amplas avenidas. Depois dessas várias mudanças, a cidade tornou-se o maior centro do Espírito Santo. Em 1970, o Porto de Vitória se tornou um dos mais importantes do país, e a capital começou a se industrializar. A modernização da ilha gerou o desaparecimento de quase todos os vestígios da Colônia e do Império na ilha.[16]
Geografia
De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo IBGE,[17] o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária e Imediata de Vitória.[18] Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Vitória, que por sua vez estava incluída na mesorregião Central Espírito-Santense.[19]
Clima
O clima vitoriense é caracterizado, segundo o IBGE, como tropical quente super-úmido[3] (tipo Aw segundo Köppen), com invernos amenos e chuvas concentradas entre a primavera e o verão, quando as temperaturas ficam elevadas.[4] A temperatura média anual é de 25 °C, porém as temperaturas podem variar muito no inverno, podendo chegar aos 30 °C em épocas de grande seca, e 20 °C quando ocorrem tempestades. Devido à Corrente Fria das Malvinas, Vitória empata com o Rio de Janeiro como a capital brasileira com menores taxas de precipitação pluviométrica,[20] sendo que na cidade é de aproximadamente 1 400 milímetros.
Vitória é a cidade que apresenta as menores amplitudes térmicas de todo o Espírito Santo.[20] Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1931 a menor temperatura registrada em Vitória foi de 11,6 °C em 19 de maio de 2022,[21] contudo o recorde absoluto ocorreu antes desse período, em 21 de julho de 1929, quando a mínima foi de 10,3 °C.[22] A maior temperatura atingiu 39,6 °C em 25 de fevereiro de 2006.,[21] O maior acumulado de precipitação em 24 horas chegou a 212 mm em 19 de março de 1975.[23] Outros acumulados iguais ou superiores a 150 mm foram: 198,6 mm em 18 de maio de 2019, 196,9 mm em 24 de junho de 1969, 182,2 mm em 6 de janeiro de 2004, 171,2 mm em 19 de março de 2013, 167,6 mm em 10 de janeiro de 1992 e 152,4 mm nos dias 12 de dezembro de 1977 e 9 de novembro de 2018. Desde 1961, dezembro de 2013 foi o mês de maior precipitação, com 713,9 mm acumulados.[21]
| [Esconder]Dados climatológicos para Vitória | |||||||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
| Temperatura máxima recorde (°C) | 39 | 39,6 | 37,2 | 37,2 | 36,9 | 35 | 34 | 34,9 | 37,6 | 37,4 | 38,7 | 38 | 39,6 |
| Temperatura máxima média (°C) | 31,4 | 32 | 31,4 | 30,1 | 28,2 | 27,4 | 26,7 | 26,9 | 27,4 | 28,3 | 28,7 | 30,3 | 29,1 |
| Temperatura média compensada (°C) | 27,1 | 27,5 | 27,1 | 25,9 | 24 | 23,1 | 22,5 | 22,6 | 23,4 | 24,4 | 25 | 26,3 | 24,9 |
| Temperatura mínima média (°C) | 24,1 | 24,4 | 24 | 22,9 | 21,1 | 20,1 | 19,6 | 19,7 | 20,5 | 21,5 | 22,2 | 23,3 | 22 |
| Temperatura mínima recorde (°C) | 17,4 | 19 | 18,1 | 16,5 | 11,6 | 13,1 | 13,1 | 13,1 | 12 | 14,7 | 14,2 | 17,2 | 11,6 |
| Precipitação (mm) | 131,2 | 79,4 | 139,5 | 122,9 | 92,4 | 70 | 67,5 | 59,9 | 63,1 | 123,9 | 233,6 | 201 | 1 384,4 |
| Dias com precipitação (≥ 1 mm) | 9 | 7 | 9 | 8 | 7 | 7 | 7 | 7 | 8 | 9 | 12 | 11 | 101 |
| Umidade relativa compensada (%) | 77,2 | 75,8 | 76,9 | 77,5 | 76,6 | 77,7 | 77,1 | 74,9 | 76,8 | 76,1 | 79,2 | 78,4 | 77 |
| Insolação (h) | 210,8 | 218,9 | 206,6 | 184 | 187,1 | 184,3 | 186,8 | 196,6 | 166,5 | 165,5 | 140,2 | 167,6 | 2 214,9 |
| Fonte: INMET (normal climatológica de 1991-2020; umidade relativa: 1981-2010;[24] recordes de temperatura: 1931-presente)[25][21][26][27] | |||||||||||||
Demografia
| Crescimento populacional | |||
|---|---|---|---|
| Censo | Pop. | %± | |
| 1872 | 16 157 | ||
| 1890 | 16 887 | 4,5% | |
| 1900 | 11 850 | −29,8% | |
| 1920 | 21 866 | 84,5% | |
| 1940 | 45 212 | 106,8% | |
| 1950 | 50 922 | 12,6% | |
| 1960 | 85 242 | 67,4% | |
| 1970 | 136 391 | 60,0% | |
| 1980 | 215 073 | 57,7% | |
| 1991 | 258 243 | 20,1% | |
| 2000 | 291 941 | 13,0% | |
| 2010 | 327 801 | 12,3% | |
| 2022 | 322 869 | −1,5% | |
Composição racial
Segundo o censo de 2010, 158.179 vitorienses (48%) se autodeclaram como brancos, 136.704 (42%) como pardos, 29.653 (9%) como negros, 2.062 (0,62%) como amarelos e 1.203 (0,38%) como indígenas.[30]
Religião
O catolicismo é a religião mais professada em Vitória, assim como em todo o Espírito Santo, e de maior influência política e social. Nossa Senhora da Penha é considerada pelos católicos a padroeira do Espírito Santo. Entre os principais templos católicos da cidade, estão a Capela de Santa Luzia (erguida no século XVI, é a construção mais antiga do município); a Igreja de São Gonçalo (construída em 1766 pelas irmandades de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte); a Igreja do Rosário (tombada pelo patrimônio histórico, foi erguida no século XVIII); a Igreja e Convento do Carmo (fundada em 1682 pelos padres carmelitas), a Basílica-Santuário de Santo Antônio (construída na década de 1960 pelos padres pavonianos) e a Catedral Metropolitana de Vitória, cuja construção foi iniciada na década de 1920.[31]
Segundo o censo brasileiro de 2022, a composição religiosa da cidade era de 49,01% católicos, 27,99% evangélicos ou protestantes, 2,58% espíritas, 0,77% umbandistas ou candomblecistas, 0,01% religião tradicional, 4,73% outras religiões, 14,79% irreligiosos, 0,02% desconhecidos e 0,1% não declarados.[32]
