A história de Belém respeita ao percurso histórico deste município brasileiro da Região Norte do país, capital do estado do Pará, que teve suas origens no século XVII na região indígena de Mairi, localizada à 160 km da linha do equador.
Este município faz parte de uma península que é rodeada a sul pelo rio Guamá e o município de Acará; a oeste pela baía do Guajará e baía do Marajó; a norte também pela baía do Marajó e furo do Maguari, e a leste pelo rio na comunidade do Aurá (Ananindeua).
Até o início do período seiscentista, Portugal não mostrava interesse nas terras localizadas na foz do Rio Amazonas (que compreendem a atual Região Norte do Brasil); fato possivelmente ligado as políticas adotadas pelas cortes reais da primeira fase expansionista, mais preocupados em expandir seus domínios pela costa africana e oriente. Porém, após a crise da sucessão que levou a união das cortes de Portugal e Espanha, aliado a ameaça de piratas e contrabandistas na região próxima à linha do Equador, implicaram em uma mudança de atitude além do Tratado de Tordesilhas. Acelerando uma resposta em termos militares, concretizada em expedições para a expulsão dos invasores e o estabelecimento de povoações ao longo das fronteiras. Uma delas foi à expedição comandada por Francisco Caldeira Castelo Branco (1566-1619) em direção à foz do rio Amazonas.
A construção de uma cidade em meio à floresta amazônica foi intensa e difícil no que se refere à mudança do meio natural, onde os colonizadores da foz do Rio Amazonas enfrentaram desafios caracterizadas por terrenos alagados, entrecortadas por igarapés, intensa vegetação e, períodos de grande chuva.
Belém teve alguns pontos fortes econômico e politicamente, como: Em 1621 o povoado colonial foi elevado à categoria de município com a denominação de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará"; 1625, ocorreu a criação do entreposto fiscal "Casa de Haver o Peso". Em 1627, a importância elevou-se com a criação da primeira légua patrimonial, alavancando um aumento populacional; Em 1654, devido a importância do entreposto o "Estado do Maranhão" foi renomeado para "Estado do Maranhão e Grão-Pará"; Em 1751 Belém alcançou o primeiro auge comercial e tornou-se a primeira capital da Amazônia.
Ainda hoje, a cidade guarda nos bairros históricos prédios antigos de estilo religioso e militar, que caracterizam a arquitetura colonial, construídos por mão de obra escravizada, amplamente utilizada na então Amazônia colonial.
História
Etimologia
O topônimo "belém" tem origem em hebraico: בית לחם; romaniz.: Beit Lehem, literalmente significando "Casa do Pão".
Em 1621 o povoado colonial português inicial "Feliz Lusitânia" (atual Belém)" foi elevado à categoria de município com a denominação de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará" em referência a Maria mãe de Jesus- sendo chamado pela abreviatura "Belém do Pará" por rei Filipe III de Espanha (1578-1621) -[10] e também em referência ao dia ocidental do natal (25 de dezembro); dia em que o capitão Francisco Caldeira Castelo Branco (1566 - 1619, antigo Capitão-Mor do Rio Grande do Norte) partiu no ano de 1615 da cidade de São Luís, para assegurar o domínio da Amazônia Oriental e principalmente das riquezas da Conquista do Pará.

Primórdios e colonização europeia
A região onde se encontra Belém do Pará era inicialmente a movimentada região indígena de Mairi, moradia dos Tupinambás e Pacajás (sob comando do cacique Guaimiaba), onde em 1580 ocorreu a invasão portuguesa através da expedição militar Feliz Lusitânia comandada pelo capitão Castelo Branco (a mando do rei da União Ibérica/Dinastia Filipina D. Manuel), e a implantação de um núcleo colonial] objetivando dominar o rio das Amazonas, ocupar a Conquista do Pará ou Império das Amazonas (localizado na então Capitania do Maranhão) e assegurar o domínio na Amazônia Oriental e das drogas do sertão, que os estrangeiros disputavam. Assim em 12 de janeiro de 1616 foi fundado na foz do igarapé do Piry e foz do rio Amazonas, em uma posição estratégica próximo ao entreposto do cacicado marajoara, o povoado colonial Feliz Lusitânia (atual bairro Cidade Velha) com um fortim paliçado então denominado Forte do Presépio (atual Forte do Castelo)[9][17][18][15] contendo a capela da padroeira Nossa Senhora de Belém (atual catedral metropolitana). Este povoado colonial era inicialmente uma ilha, pois era cercado pelo igarapé/pântano do Piry e seus afluentes (em 1° 27′ 31,93″ S, 48° 29′ 58,66″ O) que o separava do "continente" (até ser aterrado em 1803).
Nos primeiros anos da Conquista do Pará (1615–1621) sentiu-se a necessidade de ter missionários na nova colônia devido a existencia de muitos "gentios" Assim, em julho de 1617, os freis capuchinhos de Santo Antônio (Franciscanos da Província de Santo Antônio): Cristóvão de São José, Sebastião do Rosário, Felipe de S. Boaventura e, Antônio de Marciana, fundaram em uma parte afastada da cidade o Convento do Una (Enasa, a atual rodovia Arthur Bernardes).



Ocorreu um período de batalhas contra os estrangeiros (holandeses, ingleses, franceses) para assegurar o domínio na Amazônia Oriental e contra as tribos indígenas no processo de colonização/escravização para implantação de um modelo econômico baseado na exploração do trabalho indígena e dos recursos primários locais. resultando na Revolta Tupinambá, que em janeiro de 1619, forças de ataque Tupinambá tomaram o Forte do Castelo, mas Gaspar Cardoso, mudou o curso da guerra ao matar o guerreiro morubixaba Guamiaba Tupinambá, havendo assim suspensão do ataque para realização do funeral.[15]
Outras revoltas indígenas ocorreram até julho de 1621, quando em 1639 Bento Maciel Parente, sargento-mor da capitania do Cabo Norte, investiu sobre a aldeia dos índios Tapajós, dizimando-os e dominando a Conquista do Pará. Com a vitória assegurando a posse do território, o rei Filipe II de Portugal: criou o Estado do Maranhão (com sede em São Luiz, abrangendo a conquista do Pará e as capitanias do Maranhão e Ceará);[ transformou a Conquista do Pará em Capitania do Grão-Pará, tendo Bento Maciel nomeado como Capitão-Mor desta nova Capitaniao povoado de Feliz Lusitânia foi elevado à categoria de município com a denominação de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará" (atual Belém)quando em 1650 ocorreu a abertura das primeiras ruas da região (em 1° 27′ 17,9″ S, 48° 30′ 18,2″ O) originando o histórico e primeiro bairro denominado Cidade (atual bairro da Cidade Velha) onde os colonos levantaram as suas casas de taipa.
Bento Maciel Parente durante seu governo fortificou o Forte do Presépio, colocando um baluarte artilhado com quatro peças, um torreão e um alojamento, rebatizado-o como "Forte Castelo do Senhor Santo Cristo". Enão posteriormente, ordenou outras investidas contra os invasores holandeses, expulsando-os da colônia.
Em 1621, para assegurar a posse do território o Rei Filipe II de Portugal transformou a Conquista do Pará em Capitania do Grão-Pará. Em 1625, devido sua posição estratégica na foz do rio Amazonas os portugueses instalaram um entreposto fiscal denominado "Casa de Haver o Peso" (atual mercado Ver-o-Peso), para arrecadação de tributos dos produtos europeus trazidos à Belém,[28] e dos extraídos da Amazônia destinados aos mercados internacionais, como as drogas do sertão e a carne bovina da Ilha do Marajó.
Em 1627, a importância do entreposto Haver-o-Peso elevou-se com a criação da primeira légua patrimonial por ordens do Governador Francisco Coelho, porção de terra doada via carta de sesmaria à Câmara de Belém para impulsionar o crescimento do município. Uma terra em forma de arco medindo 41 mil m², iniciando as margens do rios Pará e Guamá em direção ao interior originando o bairro do Marco da Légua, alavancando um aumento populacional. Acarretando que, em 1654 o Estado do Maranhão foi renomeado para "Estado do Maranhão e Grão-Pará". Por volta de 1676, chegaram à cidade 50 famílias de colonos agricultores açorianos (total 234 pessoas), tendo a necessidade de abrir uma rua para abrigar os novos habitantes denominada Rua São Vicente (atual rua Manuel Barata em 1° 27′ 20,4″ S, 48° 30′ 06,2″ O), originando o segundo bairro denominado Campina; a partir desse momento a cidade começa a apresentar um aumento populacional e o bairro começa a se distanciar do litoral.[37] Nessa época, foram erguidas a Fortaleza da Barra e o Forte de São Pedro Nolasco.[37]
Mas apesar da importância, os serviços administrados pela Câmara de Belém entraram em crise financeira.Então em julho de 1687, afim na tentativa de soluciona-la, os parlamentares contactaram o rei Filipe II, solicitando a concessão dos tributos do haver-o-peso, a qual foi atendida no ano seguinte.Assim a partir de 1751 Belém alcançou o primeiro auge comercial, influenciando na mudança do nome do "Estado do Maranhão e Grão-Pará" mudou para "Estado do Grão Pará e Maranhão", com a sede transferida para Belém, tornando a primeira capital da Amazônia(em 1772 este Estado foi dividido formando a colônia autônoma "Estado do Grão-Pará e Rio Negro").
A escravidão foi amplamente utilizada nos centros urbanos da Amazônia colonial, inicialmente na região os colonizadores subjugaram os indígenas, muitos retirados de maneira forçada das aldeias.[Posteiormene se concentraram nos africanos, sobretudo na segunda metade do século XVIII, com a criação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (CGCGPM), que regularizou o comércio negreiro na região amazônica, com o objetivo de vender escravizados aos colonos e cresce a agricultura.Tornando-se assim o meio fundamental para o crescimento econômico do estado do Grão-Pará e Maranhão, aumentou de maneira significativa o número de escravizados no meio urbano de Belém (mesmo após o fim do monopólio da Companhia Geral o governo português reorganizou o comércio negreiro com a costa africana) e aumento populacional nas freguesias da Sé e da Campina, que somavam 1 953 residencis distribuídas entre 35 ruas no preíodo aproximado de 1755 à 1800.] A organização espacial de Belém não mudou no período de 1750 a 1800, onde essas duas freguesias delimitaram o núcleo urbano de Belém até o século XIX, locais em que os escravizados vivenciaram experiências diversas.
No século XVIII a Amazônia teve uma restruturação socioeconômica e administrativa, com a ascensão de Sebastião José de Carvalho e Melo, que assumiu o cargo de Secretário de Estado do Reino e implantou as formas legais de uso da mão de obra indígenas escravizada; a Lei de Liberdade dos Índios (1755) e a implantação do Diretório dos Índios (1757), visando reorganizar o trabalho e a vida social da população indígena que se tornava livre (vassalos).
Os escravizados oriundos da África desembarcavam no porto de Belém, onde uma parte era comercializados para o núcleo urbano de Belém e outra para o interior. Gradativamente, os escravizados além das atividades econômicas, também participaram das atividades socioculturais e religiosas na cidade.] Como peça fundamental estes exerciam atividades especializadas e não especializados, como: barbeiro-sangrador, músico, artesão, comerciante e, carregador. O monopólio da Companhia Geral de Comércio CGCGPM terminou em 1777, mas os portugueses em uma manobra prosseguiram com a política de incentivo ao tráfico negreiro, reorganizou o comércio com a costa africana. A Coroa portuguesa no período pombalino no Grão-Pará interviu na atividade negreira com isenção de impostos aos traficantes e comerciantes interessados em escravizados, igualmente facilitou a venda aos moradores das capitanias do Pará e do Maranhão, visando o crescimento da região amazônica.